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Philipp Bagus | Nosso Sistema Monetário Favorece os Ricos e Prejudica os Pobres

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Nota do Editor:Esta entrevista é antiga (publicada em julho de 2016), mas é uma boa descrição do regimemonetário atual e de suas consequências nefastas para os indivíduos (pobres ede classe média) e para a economia como um todo.


No mês passado,Philipp Bagus e Andreas Marquart lançaram o livro Blind Robbery! How the Fed, Banks, and Government Steal OurMoney (veja a resenha completa de Karl-Friedrich Israel nomises.org). Recentemente, conversamos com o Dr. Bagussobre o novo livro e como certos grupos politicamente influentes se beneficiamde nosso sistema monetário moderno.


Mises Institute: Em seu novo livro, vocêafirma que nosso sistema económico aumenta a desigualdade de riqueza aofavorecer os ricos. Você pode resumir brevemente o que você quer dizer comisto?


Philipp Bagus: Sempre que se produzdinheiro novo, há uma redistribuição a favor de quem recebe o dinheiro novo e ogasta com os preços ainda inalterados em detrimento de quem recebe o novodinheiro depois e vê os preços subirem mais rápido do que seu rendimento. Emnosso sistema de moeda fiduciária, o novo dinheiro pode e é produzido a custoquase zero. Aqueles atores que estão em posição de receber o novo dinheiro sãoos primeiros beneficiados. Entre eles estão o governo e o sistema financeiro. Onovo dinheiro geralmente é introduzido no mercado na forma de empréstimos.Aqueles que recebem uma percentagem maior destes empréstimos lucram às custasdos que não recebem. Os super-ricos têm uma vantagem neste aspeto. Eles têm umacesso mais fácil ao novo dinheiro produzido pelo sistema bancário na forma deempréstimos, porque podem oferecer colateral. Eles podem oferecer imóveis como colateralpara novos empréstimos, usando estes empréstimos para comprar ainda maisimóveis ou ações, elevando os preços. Uma pessoa pobre tem mais dificuldade emconseguir um empréstimo em tempos normais porque não possui bens. Somente emtempos de bolha perigosa ele terá acesso fácil e barato a empréstimos. Assim,alguém como George Soros pode facilmente ligar para seu banqueiro e obter umempréstimo de um milhão de dólares em um instante para comprar mais ativos. Umapessoa pobre ou mesmo de classe média não obterá um empréstimo de um milhão dedólares tão facilmente. Em vez disto, eles observarão como os preços dos ativosestão a subir e continuam a ficar relativamente mais pobres. Assim, nossosistema monetário fiduciário é uma razão frequentemente negligenciada para umacrescente desigualdade de riqueza.


Mises Institute: Como todos sabemos, sevocê ainda não é rico, é difícil acumular riqueza, mesmo se você economizarmuito dinheiro com cuidado. O que há em nosso sistema económico atual que tornaisto tão difícil?


Philipp Bagus: Se você economizar emdinheiro hoje, suas economias serão corroídas pela inflação dos preços. Ospreços dos ativos aumentaram relativamente mais do que o rendimento. Istosignifica que se torna cada vez mais difícil comprar uma casa com um rendimento.O sistema monetário leva as pessoas a se endividarem cedo na vida para compraruma casa. A casa tenderá a aumentar de valor e a dívida será corroída pelainflação dos preços. Economizar em dinheiro por 10 ou 20 anos para comprar umacasa não é a maneira mais inteligente em nosso sistema monetário que implica emaumentos contínuos e relativamente fortes na oferta de moeda. As coisas seriammuito diferentes e, em certo sentido, muito mais fáceis em um padrão-ouro puro.


Mises Institute: Você sugeriu que, sem osistema monetário fiduciário, seria mais difícil para os ricos permaneceremricos como fazem no sistema atual. O que você quer dizer com isto?


Philipp Bagus: Bem, as pessoas ricas têm umacesso mais fácil e uma melhor conexão com o sistema bancário, onde o novodinheiro é produzido, simplesmente porque são ricas e possuem ativos. Coisassemelhantes se aplicam às empresas. Grandes empresas já estabelecidas, quepossuem imóveis e outros ativos, terão um acesso relativamente mais fácil ebarato a dinheiro novo do que as pequenas empresas recém-criadas. Se você érico e possui ações de uma empresa estabelecida com uma boa conexão com osmercados financeiros e o sistema bancário, você tem uma vantagem em relação aconcorrentes potenciais que ameaçam sua posição devido ao sistema de moedafiduciária. Em nosso sistema, para permanecer rico, tornou-se mais importanteter um acesso rápido e fácil a dinheiro novo, e tornou-se menos importante serinovador e satisfazer os desejos dos consumidores de maneiras melhores e maisbaratas. Os políticos são, de certo modo, protegidos pelo sistema monetáriofiduciário. Em um padrão ouro puro, tal proteção artificial desapareceria.

 

Mises Institute: Quais seriam algumas maneiras práticas decomeçar a desfazer este sistema que temos agora?


Philipp Bagus: Este sistema permanece em vigor porque aspessoas não entendem suas consequências prejudiciais e fatais, como umaredistribuição injusta, ciclos económicos, pobreza, governo maior, decadênciamoral e assim por diante. Para desfazer este sistema, devemos convencer aspessoas de tudo isto. O problema aqui é que nosso sistema monetário e teoriamonetária são bastante complexos. Seria preciso explicar de uma forma fácil eatraente para que todos pudessem entender o problema em questão. Esta é a razãopela qual Andreas Marquart e eu escrevemos nosso livro, que explica osproblemas do sistema de uma forma provocativa e facilmente compreensível.Portanto, a etapa mais prática para começar a desfazer o sistema seria espalhara mensagem. Assim que tivermos êxito e uma massa crítica compartilhar nossospontos de vista sobre o sistema monetário fiduciário, ele vai desintegrar-sepor conta própria e será assumido simultaneamente por alternativas privadas.


Mises Institute: Mas, mesmo em um mercado livre, não haverádesigualdade de renda?


Philipp Bagus: Sim, você está certo [Nota do editor: veja mais sobre isto aqui, aqui, aqui, aqui e aqui]. Devemos distinguir entre desigualdademoralmente justificada e injustificada. Quando alguém fica rico porque éprodutivo e satisfaz os desejos das pessoas de uma forma mais barata e melhordo que seus concorrentes, devemos aplaudi-lo. A desigualdade de rendaresultante é justificada. O problema começa quando alguém ganha uma rendadevido à intervenção do governo, como licenças, outras regulações ousimplesmente transferências de impostos. A desigualdade de renda resultante distoé injustificada. Ficar mais rico às custas de outros por meio do uso do sistemamonetário fiduciário, que representa um monopólio governamental e privilégiosbancários, é injusto [Nota do editor: veja mais sobre como o governo, atravésdos bancos centrais, empobrecem os indivíduos aqui e aqui].



Artigo originalmente publicado no MisesInstitute.


Tradução e edição de André Marques.


Autor: Philipp Bagus é presidente daElementum Internacional e professor de Economia na Universidade Rey JuanCarlos, em Madrid. Também é membro do quadro editorial da revista Processos deMercado. É autor de diversos livros que incluem A Tragédia do Euro (Inglês-US e Português-BR) e In Defense of Deflation. E coautor de Blind Robbery! HowThe Fed, Banks And Government Steal Our Money, Small States. Big Possibilities e DeepFreeze: Iceland’s Economic Collapse.


Nota: As opiniões expressas neste artigonão necessariamente vão totalmente de acordo com as da Elementum Portugal e dotradutor/editor deste artigo.

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