Em uma recente entrevista disponível em lewrockwell.com, Doug Casey, fundador da Casey Research, falou a respeito da prata e seus usos monetários e industriais.
A primeira pergunta feita a Casey foi “o que torna a prata útil e valiosa?”
Casey respondeu que a prata foi usada como dinheiro ao longo da história:
“Ao longo da história, três metais foram usados como dinheiro: ouro, prata e cobre. Todos compartilham as cinco qualidades do dinheiro – durabilidade, divisibilidade, portabilidade, consistência e valor intrínseco [nota do editor: valor intrínseco se refere às características do metal que proporcionam as suas utilidades no mundo físico] – mas em proporções diferentes. Todos os três metais podem ser comprados pelas mesmas razões também – cada um é uma reserva de valor de longo prazo, um meio de troca e uma especulação interessante, pelo menos periodicamente. O ouro sempre foi e provavelmente sempre será usado principalmente como dinheiro. O cobre provavelmente continuará a ser um metal industrial. [A prata, por sua vez] pode ser vista tanto como uma forma de economizar (como o ouro) quanto como uma maneira de especular (como cobre).”
A prata possui qualidades que a tornam ideal para uso em eletrónica, medicina e outras aplicações tecnológicas. Casey menciona que, dos 92 elementos naturais, a prata é o melhor condutor de calor e energia. Cerca de 60% da oferta de prata é usada em aplicações industriais.
Casey também argumenta que uma economia em desaceleração não necessariamente faz com que o preço a prata diminua:
“Se a economia continuar a desacelerar muito […] os metais industriais provavelmente serão prejudicados. Mas a prata [possui algumas características que podem trazer benefícios nessa situação]. Como eu disse, mais usos de alta tecnologia estão a ser descobertos o tempo todo, ajudando o lado do consumo [da prata] da equação. O facto de [a prata] ser principalmente um subproduto de metais industriais significa que, à medida que [a produção desses metais] cai em uma crise económica, a produção de prata também ca. Sou muito mais otimista em relação à prata do que qualquer outro metal industrial – com a possível exceção do urânio. Além disso, o facto de ser um metal monetário trará muitas compras de poupadores e especuladores, apoiando ainda mais seu preço.”
O facto de a maior parte da produção de prata ser um subproduto da mineração de outros metais significa que as desacelerações económicas provavelmente afetarão o lado da oferta tanto quanto a demanda.
A produção global de prata totaliza cerca de 800 milhões de onças por ano (já a produção global de ouro é de cerca de 80 milhões de onças). Mas, como aponta Casey, não há estoques de prata substanciais no mundo. Por outro lado, a maior parte das 6 mil milhões de onças de ouro extraídas ao longo da história ainda existe e está armazenada em algum lugar.
Em resposta à questão de por que o preço da prata tende a superar o do ouro em momentos de alta do ouro, Casey disse:
“Embora cerca de 80 milhões de onças de ouro sejam produzidas todos os anos, a nova produção de ouro não tem importância para o seu preço [pois todo o ouro que já foi extraído (6 mil milhões de onças) estão armazenadas]. O que influencia seu preço é o desejo das pessoas em mantê-lo – não os cerca de 1.3% [de aumento de oferta] a cada ano. O ouro é quase único nesse aspeto.
[A prata, por sua vez, não possui uma quantidade enorme de estoque relativamente a do ouro]. Eu não tenho esse número, [mas se trata basicamente] da produção de novas minas. Os estoques de prata estão alinhados com os de outros metais industriais – muito diferente dos dias em que o governo dos EUA sozinho possuía dois mil milhões de onças, sem contar os mil milhões a mais que costumavam ser em moedas [de 10 cêntimos, 25 cêntimos e 50 cêntimos]. Em termos relativos, o mercado da prata é pequeno; e mercados pequenos, por sua natureza, tendem a ser voláteis.
Outra coisa: por muitos anos, a prata desenvolveu muitos fãs que a veem quase como um ícone religioso. Talvez sejam pessoas que não podem comprar ouro, mas a prata sempre, por algum motivo, foi vista como quase um elemento mágico por algumas pessoas, principalmente os americanos. Eles são muito mais fanáticos do que os ‘gold bugs’ [nota do editor: ‘gold bug’ é uma expressão usada no mercado financeiro para se referir a investidores extremamente otimistas em relação ao ouro] (entre os quais eu estou).”
Casey disse que está otimista principalmente com a prata, além outras commodities, porque é praticamente o único setor no mercado financeiro que não esteve em uma bolha nos últimos anos.
“Se obtivermos o tipo de mercado em alta de metais preciosos que estou a antecipar, as ações de mineradoras, principalmente as de prata, podem se sair fenomenalmente bem […] Vai valer a pena esperar.”
ATENÇÃO! As opiniões e informações contidas neste artigo são de caráter exclusivamente INFORMATIVO e NÃO DEVEM ser levadas como recomendação de investimento em ações de mineradoras de quaisquer metais preciosos ou de quaisquer setores aqui mencionados.
André Marques