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Daniel Lacalle | A Crise Energética que Ameaça a Europa

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Nesta semana, o preço de grossista da eletricidade ultrapassou a barreira psicológica de 200euros por megawatt-hora na maioria dos países da União Europeia. Embora o preçodiário afete apenas 15% da energia vendida, já que o restante fecha no médioprazo a preços bem menores, é um sinal de risco futuro. Milhares de contratosterão de ser revisados com grandes aumentos.


O preço dosdireitos de emissão de CO2 aumentou mais de 1000% desde 2017, mais de 200% em2021. É um imposto através do qual os governos da União Europeia vão arrecadarmais de 21 mil milhões de euros em 2021. O Estado espanhol vai arrecadar maisde 2.3 milhões de euros.


Estas receitasextraordinárias – trata-se de benefícios que caíram do céu – deveriam serutilizadas para mitigar os aumentos de preços nas faturas e evitar uma criseenergética na Europa que irá afundar a recuperação.


O preço do gásnatural liquefeito (GNL) disparou para 34 dólares/mmbtu [nota do editor: mmbtué a unidade padrão de medida para contratos financeiros de gás natural]entregue em dezembro e janeiro. Em termos de energia comparáveis, seria cercade US$ 197 por barril de petróleo equivalente, de acordo com o Morgan Stanley.


Enquanto isso, opreço do gás natural (NBP) subiu mais de 200% em 2021. O aumento médio do preçodo gás, porém, não é este, pois se modera com o preço do gás vendido a médio elongo prazo. 85% do fornecimento de gás para a Europa é feito com contratos demédio prazo marcados a preços futuros.


A subida dospreços da energia tem dois motivos e em ambos são da responsabilidade dosgovernos: o encerramento forçado da economia é um fator chave para compreenderos danos gerados na capacidade de abastecimento, e a proibição de investimentoem recursos de gás natural unida a decisão política de impor um mix energéticovolátil e intermitente deixou a Europa muito mais dependente e exposta àsflutuações de preços.


As energiasrenováveis funcionam 20% do tempo e, quando não funcionam, a única garantiade abastecimento é a utilização do gás natural justamente quando o seu preçodispara.


“A alta dospreços da energia tem dois motivos e ambos são responsabilidade dos governos.”


E por que o preçodisparou? Claro que a demanda é um fator muito importante, mas não podemosesquecer que, no gás natural, assim como no carvão, não há problema deabastecimento. Há excesso de capacidade.


Em circunstânciasnormais, o preço do gás natural e do CO2 teria moderado uma vez que o efeito debase se dissipasse (em junho), mas esquecemos dois fatores: política monetáriae intervencionismo.


O aumento dospreços dos direitos de emissão de CO2 é culpa direta da voracidade de cobrançados Estados, que têm limitado maciçamente a oferta desses direitos para que opreço suba. O aumento dos preços de muitos bens e serviços deve-se diretamenteao aumento maciço da oferta de moeda em 2020, bem acima da demanda por moeda,gerando inflação por decreto.

 

Não entendo comoa voracidade fiscal de alguns governos os cega para dois riscos importantes:uma crise energética que deixa PMEs e famílias sufocadas por um aumento depreços causado por decisões políticas e uma reação massiva da população contraas políticas ambientais ao ver os preços dispararem devido a erros deplanejamento (matriz energética mais volátil, intermitente, e dependente dogás) e legislação (cobrando dos cidadãos o custo total das políticas ambientaise fazendo com que quem polui pague e quem não polui pague ainda mais).


As estimativasmais cautelosas alertam que a crise energética pode deixar até 25% das empresas(PMEs) na Europa em falência – já que para estas a energia representa 33% deseus custos – e corroer até 1.5% do crescimento da zona euro, que já é pobre eendividada.


“A criseenergética pode levar à falência de até 25% das empresas (PMEs) da Europa.”


Se queremos queos cidadãos não reajam contra as políticas ambientais, os políticos devem estarcientes de seus erros e resolvê-los. Precisamos de uma matriz energéticaequilibrada e não ideológica e, para uma transição energética competitiva, éessencial ter energia nuclear e gás natural.


Também éessencial não afundar a economia ou aumentar a incerteza jurídica com umalegislação destrutiva como a da Espanha, porque o enorme investimento emenergias renováveis e infraestrutura de que necessitamos está em perigo.


Finalmente, não sepode criar mecanismos extrativos que destruam o poder de compra dos cidadãos edepois culpem outros pela inflação.


O que a Europa -e a Espanha – precisa é de mais concorrência, tecnologia e inovação e menosintervencionismo. Esta crise energética não será culpa do mercado, mas sim dateimosia ideológica dos políticos que ignoram o cálculo económico [nota doeditor: veja aqui oque o autor quer dizer por cálculo económico].



Artigooriginalmente publicado no site do Daniel Lacalle.


Tradução e ediçãode André Marques.


Autor: DanielLacalle é um economista e gestor de fundos espanhol, autor dos bestsellers Freedom or Equality (2020), Escape from the Central Bank Trap(2017), e Life in the Financial Markets (2014). É professor de economia na IE BusinessSchool em Madrid.


Nota: As opiniõesexpressas neste artigo não necessariamente vão totalmente de acordo com as daElementum Portugal e do tradutor/editor deste artigo.

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