O BCE anunciou que irá realizar o ‘tapering’ de suascompras de ativos. ‘Tapering’ se refere à diminuição do ritmo das compras deativos por parte do banco central. Ou seja, o BCE continuará a aumentar seubalanço, mas numa intensidade menor.
A redução seráapenas nas compras de ativos dentro do Pandemic Emergency Purchase Programme(PEPP). O BCE não vai reduzir as compras deativos que seguiam sendo feitos antes da pandemia (cerca de € 20 milmilhões/bilhões por mês).
O balanço do BCEjá está próximo aos €8.3 mil bilhões/trilhões, representando mais de 75% do PIBda zona euro (a título de comparação, o balanço do Fed é “apenas” cerca de 40%do PIB da economia dos EUA; o do BoJ, 120% da economia do Japão).
Figura 1 –Balanço do BCE (2005-2021)
Fonte: St. LouisFed – Elaboração Própria.
Desde 2015, o BCEnunca diminuiu o seu balanço. O Fed, por sua vez, começou a diminuir seu balanço no final de 2017 (mas já em setembro de 2019 voltou a aumentá-lo) ecomeçou a subir os juros em dezembro de 2015 (mas voltou a baixá-los no primeiro semestre de 2019). Em dezembro de 2018, houve uma quedasignificativa nos índices de bolsa americanos e em setembro de 2019 houve umacrise no mercado das operações compromissadas e o Fed passou a injetar liquidezneste mercado (na prática, fazendo Quantitative Easing, aumentando seu balanço).
Considerando quea zona euro também possui governos extremamente endividados, assim como diversas empresas (incluindo empresas zumbi), também há uma dependência muito grandede taxas de juro artificialmente baixas, e, portanto, uma grande má-alocação derecursos. A zona euro está com a taxas de juro negativas há 7 anos e é difícilsaber até que ponto estas podem subir sem provocar grandes percalços naeconomia (assim como aconteceu nos EUA em dezembro de 2018 (quando a taxa dejuros estava a 2.5%). Mas não é preciso pensar muito para saber que não é umpatamar alto. Assim como o Fed, o BCE não pode subir muito a taxa de juros semprejudicar a economia (ainda mais do que já está).
A inflação depreços da zona euro atingiu 3% em agosto, acima da meta de 2%. Em julho, o BCE divulgou esta nova meta, que passou a ser um alvo (a seratingido num “prazo médio”, tolerando desvios acima e abaixo) em vez da antigameta de “abaixo, mas próxima a 2%”. Desta forma, o BCE pode justificar umainflação de preços mais alta.
André Marques