Bancos Centrais Adicionaram Quase 400 Toneladas de Ouro às suas Reservas no 3º Trimestre de 2022

Os bancos centrais adicionaram quase 400 toneladas de ouro às suas reservas no 3º trimestre de 2022, segundo o World Gold Council (WGC). Essa quantia foi 115% superior em relação ao trimestre anterior; em relação ao 3º trimestre de 2021, 300% superior. E foi o maior aumento trimestral das reservas de ouro dos bancos centrais desde que o WGC começou a registar esses dados em 2000.

 

Figura 1 – Compras de Ouro Pelos Bancos Centrais, em Toneladas

Verde Claro (1º Trimestre); Verde Escuro (2º Trimestre); Roxo Claro (3º Trimestre); Roxo Escuro (4º Trimestre).

Fonte: WGC.

 

O aumento líquido de 393.3 toneladas no 3º trimestre elevou o total de 2022 para 673 toneladas. Isso é maior do que qualquer aumento anual das compras de ouro dos bancos centrais desde 1967 (e ainda resta um trimestre para o fim do ano).

 

De acordo com o WGC, a demanda oficial dos bancos centrais por ouro no 3º trimestre foi a combinação de compras relatadas e uma estimativa substancial de compras não declaradas.

 

“Isso não é incomum, pois nem todas as instituições relatam publicamente suas reservas de ouro ou podem fazê-lo com um atraso. Também vale a pena notar que, embora a Metals Focus sugira que as compras ocorreram durante o 3º trimestre, é possível que tenham começado no início do ano. Portanto, isso pode resultar em revisões futuras à medida que mais informações estiverem disponíveis.”

 

Até agora, o banco central da Turquia foi o maior comprador de ouro neste ano dentre os bancos centrais. O país vive uma crise cambial, com a lira turca a desvalorizar-se 52%. O banco central turco acrescentou 31 toneladas de ouro às suas reservas no 3º trimestre. No acumulado do ano, adicionou 95 toneladas. Suas reservas de ouro agora estão em 489 toneladas, representando 29% de suas reservas totais. A Turquia é o 11º país que possui mais ouro em suas reservas.

 

O Uzbequistão foi outro grande comprador no 3º trimestre. Acrescentou 26 toneladas às suas reservas, totalizando 28 toneladas no ano. O Uzbequistão registou esse aumento significativo apesar de ter começado o ano vendendo quase 25 toneladas no 1º trimestre.

 

O Cazaquistão adicionou mais de seis toneladas de ouro em setembro, mas isso não foi suficiente para compensar a venda de 11 toneladas em julho. Acabou por ser o maior vendedor líquido no 3º trimestre, com uma redução de 2% em suas reservas de ouro.

 

O Reserve Bank of India – RBI (o banco central da Índia)  adicionou 17 toneladas de ouro às suas reservas no 3º trimestre, apesar de não registar nenhuma compra em agosto. A Índia tem aumentado constantemente suas reservas desde 2017. Desde então, o RBI comprou mais de 200 toneladas de ouro. Em agosto de 2020, houve relatos de que o RBI considerava aumentar ainda mais significativamente suas reservas de ouro. A índia é o 9º país que detém mais ouro em suas reservas.

 

O Catar foi o maior comprador de ouro em julho, com um acréscimo de 14.8 toneladas às suas reservas. Essa deve ser a maior aquisição mensal registada desde 1967. Dados preliminares publicados pelo Banco Central do Catar sugerem uma nova adição às suas reservas de ouro durante agosto e setembro, mas os dados não foram relatados ao banco de dados IFS do FMI.

 

Moçambique foi um novo comprador no 3º trimestre, com uma compra de 2 toneladas. Filipinas (2 toneladas) e Mongólia (1 tonelada) também foram compradores no 3º trimestre.

 

Não é incomum que os bancos que compram da produção doméstica (como o Uzbequistão e o Cazaquistão) alternem entre comprar e vender.

 

Os compradores misteriosos compraram uma quantidade substancial de ouro no 3º trimestre. Os bancos centrais que muitas vezes falham em relatar compras incluem o da China e o da Rússia. Muitos analistas acreditam que a China detém muito mais ouro do que revela oficialmente. Como Jim Rickards mencionou em 2015, muitos especulam que a China mantém vários milhares de toneladas de ouro não relatadas em uma entidade separada chamada State Administration for Foreign Exchange (SAFE).

 

Os bancos centrais adicionaram 463 toneladas de ouro às reservas em 2021. Isto foi 82% superior a 2020.

 

2021 foi o 12º ano consecutivo de compras líquidas. Ao longo deste tempo, os bancos centrais compraram um total líquido de 5692 toneladas de ouro.

 

Depois de recordes de compras de ouro por parte dos bancos centrais em 2018 e 2019, houve uma diminuição em 2020, quando o total de compras foi de 273 toneladas. Em 2019, as compras totalizaram 650.3 toneladas; em 2018, 656.2 toneladas. Segundo o WGC, 2018 foi o ano que registou a maior compra de ouro por parte dos bancos centrais desde a suspensão da convertibilidade do dólar americano em ouro em 1971.

 

 

André Marques

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