Na economia, o retorno económico real doinvestimento não é apenas uma métrica importante. É crucial. É por isto queacho tão intelectualmente desonesto quando alguns economistas olham para ocrescimento do PIB e do emprego sem colocá-lo no contexto do aumento maciço dadívida, gastos e oferta de moeda.
Um plano de estímulo supostamente devegerar um crescimento mais alto e mais rápido do que ditaria a tendência normal.Além disto, a definição de um plano de estímulo é que deveria melhorar atendência de longo prazo.
Os governos seguiram as recomendações deKeynes para passar em períodos de recessão e apagaram de sua memória anecessidade de economizar e cortar impostos em tempos de crescimento [Nota doeditor: para a Escola Austríaca, diferente do Keynesianismo, o governo não deveaumentar seus gastos nem em tempos de recessão, nem em tempos de crescimento;veja algumas diferenças entre a Escola Austríaca e as outras linhas depensamento económico aqui]. Keynes abriu uma porta perigosa quando colocou o governo como a solução paraa crise e os governos subsequentes o levaram ao extremo, com retornosclaramente decrescentes. O que temos agora é uma cadeia de dívida maciça eestímulos monetários sem retorno económico real, apenas para aumentar os gastosmesmo em períodos de crescimento, onde o governo nunca economiza.
É no contexto do maior estímulo fiscal emonetário em décadas que podemos e devemos estar extremamente preocupados com oúltimo relatório de empregos. Em 2021, o défice orçamentário dos Estados Unidosultrapassará a marca de US$ 3 trilhões e 13.4% do PIB, de acordo com o CongressionalBudget Office. Este será o maior défice desde 1945 e superado apenas pelosgastos de 2020. A isto, devemos somar os US$ 80 mil milhões/bilhões de comprasmensais de ativos do Federal Reserve. De acordo com os neo-keynesianos, este“apoio” massivo do governo adicionado à reabertura da economia deve acelerar acriação de empregos e o crescimento, e aumentar a tendência de longo prazo decrescimento do PIB. Nada disto aconteceu.
Tudo o que vemos na economia dos EstadosUnidos é uma consequência direta da reabertura. A economia afundou com oslockdowns e se recuperou com a reabertura. Neste ínterim, a única coisa que aação do governo e do banco central conseguiu foi aumentar a inflação e oendividamento.
O endividamento mais elevado e o aumento dainflação não são motores do crescimento a longo prazo e das tendências deprodutividade, muito pelo contrário.
Imagine que você investe em uma economia deUS$ 6 trilhões em 2020 e 2021 e os resultados são uma menor criação deempregos, enquanto a dívida aumenta duas vezes mais rápido que o crescimento. Éa receita para o desastre.
O relatório de empregos de setembro foiextremamente decepcionante neste contexto de maciço “estímulo”. Disfarçar como“falta de mão de obra” é simplesmente uma piada. Um terrível ganho de 194 milempregos contra 500 mil esperados nas folhas de pagamento não agrícolas emsetembro, com a força de trabalho caindo em 183 mil, ainda 3 milhões abaixo donível pré-pandemia. O relatório mostrou que a economia teve 11 meses deestagnação da taxa de participação do trabalho, em 61.6%.
Em setembro, o número de empregados empart-time por motivos económicos, de 4.5 milhões, permaneceu essencialmenteinalterado pelo segundo mês consecutivo. Eram 4.4 milhões em fevereiro de 2020.Isto, de acordo com o Bureau of Labor Statistics, é tempo parcial porque suashoras foram reduzidas ou eles não conseguiram encontrar empregos em tempointegral.
Podemos ver que estes enormes programas deestímulo de trilhões de dólares geram um impacto positivo de longo prazopraticamente inexistente, apenas um salto de curto prazo que dura menos de umtrimestre. Ambas as estimativas de PIB do Fed de Atlanta e do Fed de St. Louis,mostram um crescimento de apenas 1.3% no 3º trimestre de 2021. Na verdade, aprevisão do PIB real do terceiro trimestre do Fed de Atlanta basicamente zerouqualquer crescimento, enquanto a inflação continua elevada, numa estimativa decerca de 4% para 2021. Muito bem, keynesianos.
Artigo originalmente publicado no site doDaniel Lacalle.
Tradução e edição de André Marques.
Autor: Daniel Lacalle é um economista egestor de fundos espanhol, autor dos bestsellers Freedom or Equality (2020), Escape from the Central Bank Trap (2017), e Life in the Financial Markets (2014). É professor de economia na IE BusinessSchool em Madrid.
Nota: As opiniões expressas neste artigonão necessariamente vão totalmente de acordo com as da Elementum Portugal e dotradutor/editor deste artigo.