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A Verdadeira Inflação

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Inflaçãoé um dos assuntos mais importantes a serem estudados pela Escola Austríaca de Economia,que possui uma visão diferente do conceito em relação à economia convencional.

 

Namaioria das definições contidas nos manuais de economia, inflação é definidacomo um aumento generalizado de preços. E as causas podem ser muitas: desde adiminuição da oferta de produtos, a um aumento da oferta monetária. Entretanto,esta definição não pode explicar por que há aumento de preços na economia (emdiversos setores ao mesmo tempo) ou todas as outras consequências da inflação. 

 

Um dosmelhores autores a quem podemos recorrer para estudar a inflação é o HenryHazlitt, que escreveu diversos artigos a respeito. Seu livro ‘What You ShouldKnow about Inflation’ é uma excelente fonte paracompreender o conceito de inflação, como é criada, e suas consequências. Em suaoutra obra, Economics in one Lesson (Inglês-US e Português-BR), o autor também escreve sobre o assunto.

  

Oconceito de inflação, de acordo com os economistas da linha austríaca, é umaumento da oferta monetária. A consequência, sim, é um aumento generalizado dospreços dos bens e serviços.


Mascomo a inflação é criada? Depende. Há diversas maneiras. Mas é importante saberque a inflação é direta ou indiretamente causada por governos, através dosbancos centrais.

 

Obanco central pode simplesmente imprimir dinheiro para cobrir o déficeorçamentário do governo, e este dinheiro é jogado diretamente na economia. Foio que ocorreu no Brasil sobretudo entre 1980 e 1994 (ano em que nasceu o Real).É por isto que o Brasil teve hiperinflação naquela época: enormes quantias dedinheiro eram criadas do nada para comprar títulos de dívida recém-emitidospelo governo federal para financiar seus gastos. O banco central do Brasil(BACEN) comprava diretamente estes títulos. Além disto, os bancos estaduaisfinanciavam os gastos dos governos de seus respetivos estados e eram resgatadospelo BACEN,que injetava dinheiro nestes bancos, aumentando tando a base monetária/M0,quanto o M1. O governo passou anos com tentativas de parar a hiperinflação comos planos Cruzados, Cruzeiros, Collor, entre outros (implementando novasmoedas) e com congelamento de preços.

 

Ainflação também pode ser criada de maneiras indiretas:

 

– Sistemade Reservas Fracionárias


Este éum tema importante (e complexo) a ser explorado. Mas, basicamente, o atualsistema bancário é inerentemente inflacionário.

 

Primeiro: a maior parte da oferta monetária não possui lastro. São apenasdígitos eletrónicos. Os bancos comerciais (públicos e privados) não possuemreservas suficientes para cobrir todo o dinheiro que os clientes depositaramnas suas contas. A limitação de levantamentos/saques no Chipre em 2013 é um bomexemplo para lustrar este conceito.


Segundo:quando alguém pede um empréstimo no banco, este adiciona os dígitos eletrónicosna conta do cliente que o pediu. Dinheiro foi criado do nada. O dinheiro destesempréstimos entra diretamente na economia e há uma tendência para uma maiorinflação de preços.


Osistema de reservas fracionárias generalizado (utilizado intensamente por quasetodas as instituições bancárias ao mesmo tempo) acontece devido ao apoio dobanco central, que não só regula o arranjo, mas também protege bancos públicose privados de potenciais competidores que poderiam eventualmente proversoluções de 100% de reservas. O banco central, portanto, é a arma perfeita queo governo possui para facilmente financiar seus gastos.

 

– Comprade Títulos de Dívida do Governo pelo Banco Central

 

Quandoo governo possui um défice orçamentário, pode recorrer ao aumento de impostos,que é impopular, pois o pagador de impostos sente o custo imediatamente ecertamente não irá apoiar a medida. O governo pode também reduzirsignificativamente os gastos públicos, mas, em geral, não é o que ocorre.


Nenhumadestas medidas é inflacionária, pois não ocorre aumento da oferta monetária.Entretanto, o governo consegue, indiretamente, aumentar seus gastos através dainflação e do sistema de reservas fracionárias. Em geral, para fazer políticamonetária (e ter algum controlo sobre a taxa de juros), bancos centraiscompram/vendem títulos de dívida pública aos bancos comerciais paraexpandir/contrair a base monetária (M0), o que tende a diminuir/aumentar a taxade juros. Quando o banco central vende títulos ao banco comercial, este podeconceder mais empréstimos, pois suas reservas aumentam. E, caso o faça, aoferta monetária circulante na economia aumenta, pois os bancos comerciaisoperam sob reservas fracionárias, conforme mencionado acima. Ou seja, quando osbancos concedem empréstimos, criam dígitos eletrónicos (não retiram depoupanças). O dinheiro dos empréstimos (nova oferta monetária) entradiretamente na economia, o que tende a aumentar a inflação de preços.

 

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Comojá mencionado, a consequência da inflação é o aumento de preços. Mas há outra, ainda mais difícil de notar, que é a redistribuição de renda reversa.A nova oferta monetária não entra em todos os setores da economia ao mesmotempo, nem na mesma proporção. Imagine que o governo imprime dinheiro paracobrir seus gastos e pagar políticos. Estes têm dinheiro (criado do nada) emsuas mãos, que será gasto em bens e serviços quando os preços ainda nãoestiverem maiores. Além disto, imagine que eles vão às lojas e compramcomputadores que custam 1000 euros cada. Considerando que os bens são escassos,as pessoas que não têm este dinheiro adicional terão de competir contra estespolíticos por estes bens. Como estes conseguem o dinheiro do nada, tendem acomprar os computadores com mais facilidade. Assim, a oferta de computadorestende a ser menor e os preços tendem a subir. Além disto, à medida que a novaoferta monetária entra na economia, os preços tendem a aumentar, pois osagentes económicos começam a perceber o aumento da oferta de dinheiro e ajustamos preços. Assim, aqueles que recebem a nova oferta monetária depois que ospolíticos as gastaram perdem poder de compra.


A inflação,portanto, é um imposto disfarçado. Conforme a nova oferta monetária se espalhana economia, o valor do dinheiro diminui, e os preços tendem a subir (na melhordas hipóteses, são impedidos de cair; ou seja, permanecem constantes).


Comesta ideia, é possível compreender melhor o porquê de o aumento da ofertamonetária aumentar os preços. Recursos são escassos. Se uma oferta X derecursos é consumida com dinheiro criado do nada, é consumida em troca de nada.O dinheiro é apenas um meio de troca. Não trocamos dinheiro por um produto ouserviço. Trocamos um produto ou serviço por outro produto ou serviço (odinheiro apenas facilita a troca, ao evitar que precisemos recorrer aoescambo). Os primeiros recipientes da nova oferta monetária, portanto, ficamnuma posição privilegiada de trocar nada (dinheiro criado do nada) por algo(bem ou serviço). A oferta de bens e serviços diminui (é consumida em troca denada) e os preços tendem a subir.


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Éimportante notar que não é necessário (nem economicamente eficiente/benéfico)aumentar a oferta monetária a uma taxa constante para compensar o aumento daprodução de bens e serviços. Todo aumento artificial da oferta monetária éinflacionário. Este é um dos motivos pelos quais o ouro foi escolhido como meiode troca por tanto tempo. Sua oferta é escassa e há um custo de extração (umcusto para aumentar sua oferta, diferente da moeda fiduciária de curso forçado,que pode ser criada apenas com o apertar de algumas teclas no computador).Portanto, o aumento da oferta (finita) de ouro é lento. Para saber mais, clique aqui e aqui.

  

Paraeliminar a inflação de preços, é necessário simplesmente parar de aumentar aoferta monetária. Isto pode ser feito, por exemplo, através de um padrão-ouro (ver aqui e aqui) ou de um Currency Board.

André Marques

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