O relatório de notícias doSilver Institute de agosto de 2021 trouxe mais informações sobre o uso da prata na medicina. Desta vez, paraidentificar indícios de fibrose cística (uma doença hereditária que faz com quecertas glândulas produzam secreções anômalas, resultando em dano a tecidos eórgãos, especialmente nos pulmões e aparelho digestivo).
O institutocomeça por mencionar que o teste de suor para indícios de fibrose cística é ummétodo bem aceito para detetar a doença. O teste envolve a verificação dacondutividade elétrica da pele, pois aqueles que possuem a doença têm maioresconcentrações de iões/íons cloreto (Cl-) condutores de eletricidade no suor.
Porém, o teste possuidesvantagens, pois requer um equipamento especial que nem sempre estádisponível. Além disto, menciona Silver Institute, muitos pacientes,principalmente bebés, não produzem transpiração suficiente para uma leituraprecisa, e os médicos devem induzir quimicamente a sudorese, que pode levar 30minutos ou mais, causando ansiedade para o paciente.
Entretanto, cientistasda Universidade do Havaí em Mānoa e da Universidade Northwestern, Illinois, desenvolveram um teste de adesivo feito de cloreto de prata (AgCl).Quando aplicado na pele, o adesivo muda de cor quando exposto a (Cl-). Esteteste não requer eletricidade ou a necessidade de induzir suor, e os resultadosficam disponíveis dentro de alguns minutos.
O SilverInstitute acrescenta que, de acordo com o principal autor do estudo, Tyer Ray, o adesivo é confortável e quase impercetível para o usuário. Alémdisto, o adesivo absorve 1/3 a mais de transpiração do que o método elétricoatual.
Uma câmera de smartphoneé usada para detetar e quantificar a mudança de cor do adesivo, indicando se a fibrosecística está presente. Nas palavras de Ray:
“O uso de umadesivo macio, suave e seguro para a pele nos permite fazer a interface com apele frágil de um recém-nascido sem risco de danos. A formação de uma vedaçãoestanque permite a coleta pela pele com eficiência quase perfeita, dispensandoa realização de testes repetidos.”
Segundo osautores do estudo, a fibrose cística afeta cerca de 70 mil pessoas mundialmente.Veja este vídeo da Universidade do Havaí para observar o adesivo em ação.
O SilverInstitute também mencionou outro estudo relacionado a usos medicinais da prata.Segundo pesquisadores médicos do Hospital Universitário de Basel, na Suíça, cobrirsuperfícies de alto contato em hospitais com papel alumínio impregnado de pratareduziu a contagem de bactérias em mais de 60 vezes.
A folha depolicloreto de vinila contendo 2% de iões/íons de prata cobriu áreas de altotoque, como bandejas, móveis e interruptores de luz em quartos de pacientes. Áreasnão tratadas semelhantes mostraram 3 vezes mais patógenos do que as áreascobertas pela folha de prata incrustada.
O SilverInstitute menciona que o líder do estudo, o professor Andreas Widmer, daUniversity Hospital, afirmou em sua apresentação na European Congress ofClinical Microbiology & Infectious Diseases em julho que a folha podeeliminar ou reduzir a limpeza regular com produtos químicos antibacterianos,que é um processo demorado e que consome muitos recursos.
A equipa estudouuma bactéria em particular, Enterococci,que é encontrada no intestino humano e já havia sido considerada menos perigosado que outros patógenos. No entanto, estudos recentes mostram que esta bactériaé uma das principais causas de feridas cirúrgicas e infeções do trato urinário.A folha reduziu significativamente as bactérias por pelo menos 6 meses.
Segundo osautores: “Uma folha contendo um agente integrado à base de prata diminuiefetivamente a carga [desta] bactéria causadora de doenças clinicamenteimportantes ao longo de um período de estudo de 6 meses”.
Widmer e suaequipa observaram: “Folhas auto desinfetantes ou superfícies equipadas comantimicrobianos semelhantes podem ajudar a prevenir transmissão… muitosestudos confirmam a rápida recolonização [reinfecção] de superfícieshospitalares, mesmo após uma desinfeção vigorosa. Portanto, tais folhas auto desinfetantespodem ser desejáveis em certas áreas de saúde, como unidades de transplanteou também durante surtos, como a pandemia do SARS-CoV-2 [o vírus responsávelpelo COVID 19] que enfrentamos atualmente. Mais pesquisas devem ser estendidasà atividade antiviral de tais superfícies, visto que esta folha de policloretode vinila impregnada de prata foi encontrada para funcionar em experimentoscontra outro tipo de coronavírus: HCov-229E [o resfriado comum].”
André Marques